Petistas do Nordeste insistem: Dilma na Campanha

Ex-prefeito do Recife João Paulo, que tentará voltar a cargo

Folha de S.Paulo - Catia Seabra

Candidato à Prefeitura de Maceió pelo PT, o deputado federal Paulo Fernando dos Santos já solicitou à presidente afastada, Dilma Rousseff, a gravação de uma mensagem para exibição na propaganda eleitoral.

"Paulão" é espécie rara: a dos candidatos que reivindicam a participação efetiva de Dilma, em pleno processo de impeachment. "Estou aguardando a gravação de Dilma", diz Paulão, que mostrou uma mensagem do ex-presidente Lula durante a convenção partidária que o lançou.

O ex-prefeito do Recife João Paulo é outro petista que afirma contar com presença efetiva de Dilma na campanha, ainda que definitivamente afastada. João Paulo diz que "Lula sempre teve peso grande" em Pernambuco e que Dilma o ajudaria. O candidato, no entanto, ainda não conversou com Dilma sobre sua aparição na campanha.

Afirmando que pesquisas internas o apontam na liderança, João Paulo diz: "Todo mundo me conhece e sabe quem eu sou". Pesquisa Ipespe de junho o mostra à frente da disputa em empate técnico com o prefeito Geraldo Júlio (PSB).

Em Natal, Lula participou da convenção partidária e viajará à cidade em setembro. Mas não há previsão de presença de Dilma.

Mais frequentes no Nordeste, onde as gestões petistas são historicamente mais bem avaliadas, solicitações de uso de imagem de Dilma escasseiam em Sul e Sudeste, onde é mais alta a rejeição ao PT.

Quando questionados sobre a hipótese de participação de Dilma nas campanhas pelo Estado de São Paulo, candidatos do PT costumam afirmar que não há qualquer decisão e que seriam necessárias pesquisas para avaliar o impacto de sua imagem.

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, por exemplo, diz não saber se terá Dilma em sua campanha. O candidato do PT em Campinas, Márcio Pochmann, também não definiu se terá a presidente afastada na propaganda. Em São Bernardo, berço petista, ela não deverá ser convidada.

Os colaboradores de Dilma ainda não sabem se ela pretende participar ativamente da campanha ou se vai se recolher depois da votação do impeachment no Senado. Segundo integrantes da cúpula do partido, ela se dedicará exclusivamente à sua defesa.

Segundo um dirigente partidário, "ela não sairá de Brasília". Presidente do PT de São Paulo, Emídio de Souza, diz que a própria Dilma "não quer gravar". Até agora, Dilma se restringiu ao envio de mensagens a algumas convenções petistas, como a de Haddad e a do candidato em Porto Alegre, Raul Pont.

Ex-prefeito da cidade, Pont diz que não vê problema na presença de Dilma na sua campanha. Mas que essa "não é uma questão de vida e morte". "Vamos ver se é possível, se não teremos empecilhos. A legislação pode dificultar", disse Pont, lembrando que trabalha abertamente contra o impeachment da presidente afastada.

Secretário de Comunicação do PT, Alberto Cantalice afirmou que pretende propor uma agenda para atuação de Dilma nas campanhas municipais, mas que isso ainda não foi discutido no comando partidário. 

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