Polícia Federal afirma que construção da Arena Pernambuco teve “organização criminosa”

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A Polícia Federal afirmou, em nota na manhã de sexta-feira, que a construção da Arena Pernambuco, no município de São Lourenço da Mata, obra iniciada e concluída na gestão do ex-governador Eduardo Campos (PSB), morto em agosto do ano passado, foi fruto de “uma organização criminosa”. A construção do estádio, que tinha custo inicial de R$ 479 milhões, saltou para R$ 743 milhões.
O resultado da investigação da Operação Fair Play foi apresentado na manhã de sexta numa coletiva de imprensa no Recife. No fim da semana passada foram cumpridos 10 mandatos de busca e apreensão nas sedes da Odebrecht nos estados de Pernambuco (4), Bahia (2), Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e no Distrito Federal. Residências de sócios da construtura, que não tiveram os nomes ainda revelados, também foram alvo de buscas.
Em Pernambuco, o Comitê Gestor de Parceria Público-Privada Federal – CGP, que funciona na Secretaria de Planejamento, também foi alvo da operação. Segundo informações da PF, foi concedida autorização à Odebrecht/ISG para elaborar o projeto básico do edital de concorrência, sem licitação (Lei 8.666) ou edital de chamamento (Decreto nº 5.977/2006). Ou seja, a construtora teria sido beneficiada pelo Poder Público para realizar a obra do estádio.
“O projeto básico foi produzido sem disponibilizar todas as informações, sem justificativa dos custos adotados, com exigência de atestados técnicos exorbitantes e com prazo exíguo de análise para as demais concorrentes, entre outros elementos com vistas à frustração do caráter competitivo”, diz a nota. Na coletiva de imprensa, a PF revelou que a Odebrecht produziu o processo de licitação em um ano, mas disponibilizou para as empresas concorrentes em apenas 42 dias.
Na época da licitação da Arena Pernambuco, o secretário de planejamento do estado era Geraldo Júlio (atual prefeito da capital), enquanto o secretário de administração era Paulo Câmara (atual governador), ambos integrantes do comitê gestor das PPPs. Os dois são filiados ao PSB. 
O coordenador da Operação Fair Play, o delegado Felipe Barros Leal, afirmou que não afasta a possibilidade de apontar políticos entre os articuladores da fraude na construção do empreedimento. “A gente não afasta, mas a gente não confirma, mas há elementos que orbitam. As investigações não estão baseadas em pessoas, e sim, nas instituições”. 
A Polícia Federal também declarou que vai solicitar informações ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para analisar o “financiamento concedido e realizado estudo do superfaturamento da obra de engenharia”. De acordo com a Polícia Federal, o superfaturamento chega em R$ 42,8 milhões. Em valores corrigidos, ficaria em torno de R$ 70 milhões.
Fonte: Diario de Pernambuco

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