A presidente do Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões (Cemit), Rosângela Lessa, disse ao G1 que a família de Bruna Silva Gobbi, 18 anos, atacada por um tubarão nesta segunda-feira (22), na praia de Boa Viagem, no Recife, foi informada pelo Corpo de Bombeiros que estava em uma área de risco. Mesmo assim, o grupo teria se recusado a sair do mar. “A família foi abordada pelos bombeiros, que explicaram que era uma área em que havia possibilidade de ataques e pediram que saíssem da água. Eles então ficaram monitorando [o grupo] do posto de observação, tanto que chegaram ao ponto rapidamente, quando o ataque ocorreu”, explicou a professora da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Esse foi o 59º ataque de tubarão no litoral de Pernambuco, desde 1992, quando teve início a contagem.
Esta época do ano também é um fator de risco a mais, acrescentou a presidente do Cemit. “Estamos em um período de águas turvas, em que a probabilidade de ataques é mais alta, por causa das chuvas do inverno e da grande quantidade de material em suspensão que vem dos rios. Além disso, temos na cidade um monte de gente de férias, que costuma não acreditar no que dizem as placas”, continuou, se referindo à sinalização que alerta para o risco de ataque de tubarão no litoral pernambucano.
Rosângela Lessa informou ainda que a chamada “corrente de retorno” foi outro complicador. “É uma corrente muito forte e precisa saber nadar muito bem para escapar. Bruna e a outra pessoa que estava com ela foram arrastadas mais para dentro do mar. São correntes comuns em qualquer praia, não são uma particularidade do Recife, não é uma situação excepcional. Excepcional é a pessoa saber que está numa situação de risco, ser alertada e permanecer nesse lugar. É um conjunto de fatores previsíveis e indesejáveis, com consequências terríveis para a vítima, sua família e para a cidade”, lamentou.
O vendedor ambulante Leonardo Ferreira de Brito confirma a informação do Cemit. “A correnteza estava puxando, elas estavam tentando voltar [para a beira]. O bombeiro falou três vezes para elas não entrarem na água. Dois banhistas estavam tentando socorrer, e mais dois bombeiros. Depois o jetski se apoximou, foi aquele sangueiro, parecia filme de Hollywood. A perna dela ‘tava’ totalmente dilacerada”, contou.
De acordo com a presidente do Cemit, há 44 pares de placas sinalizando a ocorrência de ataques de tubarões, espalhados em 30 quilômetros do litoral pernambucano – uma delas, a menos de 100m do local do incidente desta segunda. Sem exames do ferimento, não é possível precisar a espécie do tubarão que atacou a jovem paulistana. “A gente só pode supor, dentro de uma hipótese bem ampla, que são as espécies que já se envolveram em incidentes anteriores, que são o cabeça-chata e o tigre”, finalizou. - Fonte: G1
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