Dobra número de pés de maconha destruídos em Pernambuco

          Este ano, em Pernambuco, estado que é um dos principais produtores de maconha do Brasil, as apreensões praticamente dobraram. Entre janeiro e maio, foram erradicados 659.142 pés da erva, ante 352.150 no mesmo período do ano passado - um aumento de 87%. Os pés incinerados poderiam levar às ruas cerca de 200 toneladas de maconha.

          A maconha pernambucana é plantada na região conhecida como "polígono da maconha", no Vale do Rio São Francisco, onde a erva encontra boas condições de solo e temperatura para crescer. Da plantação até a colheita, são apenas quatro meses.

          A maioria das apreensões também acontece nesta região. São áreas, distantes dos centros urbanos, onde as plantações ficam camufladas pela mata - explica o secretário de Defesa Social de Pernambuco, Wilson Damázio. Segundo ele, a identificação das plantações é realizada principalmente de helicóptero, já que por terra nem sempre é possível a visualização das áreas.

          Damázio, que foi superintendente da Polícia Federal no estado, diz que as operações desse tipo têm sido constantes e que há inclusive um projeto de instalação de uma base aérea na cidade de Salgueiro, uma das campeãs no plantio de maconha. "A fiscalização está aumentando", diz ele.

          Desde o início do ano, a Polícia Federal realiza uma operação para inibir o plantio de maconha em Pernambuco. Os agentes têm como alvo municípios como Carnaubeira da Penha, Cabrobó, Betânia, Belém do São Francisco, Orocó, Santa Maria da Boa Vista, Floresta e Salgueiro. As operações são executadas tanto no continente quanto nas ilhas do Rio São Francisco.

          As plantações de maconha, no entanto, se espalham por diversas cidades do estado. Em maio, por exemplo, 18 mil pés de maconha foram localizados em terras da Fazenda Pedra Branca, na cidade de Mirandiba, também no Sertão do estado, já em fase de colheita.

          Em março, 52 mil pés da droga foram incinerados, em 14 plantações, nos povoados de Tigre e Riacho da Pedra, e nas ilhas de Cajueiro e Cachauí. As ilhas são os locais preferidos para o plantio, por serem de difícil acesso. Além disso, a água é abundante.

          Apesar de ainda ser praticamente o principal ponto de produção da droga no Brasil, as operações realizadas no "polígono" diminuíram o ímpeto dos produtores, segundo o secretário. "Ainda se planta muito. Mas não são 10% do que se plantava há dez, vinte anos", arrisca.

          Além de Pernambuco, plantações de maconha são encontradas na Bahia e no Maranhão, principalmente. Mas o trabalho conjunto da Polícia Federal com as polícias civis mostra que a maconha está ganhando grandes áreas no Pará e até no Amazonas. No último dia 25, 3 mil pés de maconha foram apreendidos em Terra Alta, no Pará.

          "A maconha chegou forte aqui, principalmente na área conhecida como "triângulo do capim" (área Nordeste do Pará)", diz o delegado responsável pela repressão a entorpecentes no Pará, Henisson Jacob. De acordo com o delegado, quem alicia os trabalhadores locais para a plantação de maconha são pessoas com conhecimento no plantio, geralmente vindos de Pernambuco. A fiscalização, porém, não se intensificou com a mesma velocidade. Neste ano, não houve nenhum sobrevoo na área, impossibilitando a "descoberta" das plantações. As apreensões realizadas foram feitas por meio de denúncias anônimas. "Ano passado, fizemos um sobrevoo. Aproveitamos para voar com o Incra, porque havia plantação em assentamento de reforma agrária. Estamos tentando fazer outro, este ano", diz.

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