Temer quer amenizar desgaste com redução dos juros

Em uma nova fase de agenda negativa, a equipe do presidente Michel Temer conta com uma nova redução dos juros nesta semana pelo Banco Central para tentar amenizar o desgaste na imagem do emedebista.

Temer está de volta à defensiva, depois de questionamentos à intervenção federal no Rio de Janeiro e de decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) contra ele, como a quebra de seu sigilo bancário.

Palácio do Planalto e mercado acreditam que o Copom (Comitê de Política Monetária) tem condições de cortar a taxa Selic, referência para a economia, de 6,75% para 6,5% ao ano. A expectativa fica, até aqui, por conta do comunicado que será divulgado logo após a decisão. Confirmada a nova redução dos juros, o BC deve indicar que, agora, irá parar de vez a cortar a taxa Selic neste ano.

O problema é que o presidente não tem conseguido capitalizar os bons números da economia a seu favor, como queda da inflação, redução dos juros e recuperação da economia. Mesmo com avanços na área econômica, a popularidade de Temer segue muito baixa, na casa dos 5% apenas.

Reflexo da imagem desgastada do presidente na área política, com acusações de envolvimento em irregularidades, que o transformaram em alvo de duas denúncias no ano passado na Câmara dos Deputados.

Assessores de Temer destacam, mesmo assim, que uma nova redução de juros sempre é uma notícia positiva. E que o Palácio do Planalto precisa bater bumbo, afinal a safra de notícias positivas está um pouca escassa nas últimas semanas, de um ano considerado chave por ser de campanha presidencial.

O governo apostava na agenda da segurança para virar o jogo. Até conseguiu uma repercussão positiva nas duas primeiras semanas. Agora, porém, enfrenta um período de questionamentos, que subiram de tom depois do assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes. Para tentar conter as críticas, Temer mandou sua equipe encontrar verbas para financiar a intervenção no Rio e o novo Ministério da Segurança Pública.

Assessores do presidente reconhecem que o governo demorou para discutir o tema. Somente depois de um mês da intervenção e da criação do ministério é que o Palácio do Planalto decidiu agir para garantir recursos para as duas áreas.

Em relação à reunião do Copom, o ex-diretor do Banco Central Luiz Fernando Figueiredo avalia que a inflação comportada, hoje abaixo do piso da meta, deve ser o dado que o Copom levará em conta para a decisão desta semana. Sócio da Mauá Investimentos, Figueiredo aposta que o BC deve fazer o novo corte e, em seu comunicado, garantir que essa será a última redução do ano.

O ex-diretor lembra, porém, que essa é uma decisão do BC e que é preciso esperar o final da reunião do Copom, na quarta-feira (21), para se confirmar as previsões de boa parte do mercado. Ele continua otimista em relação ao ritmo de crescimento. Em sua opinião, deve ficar em 3%, mesmo com a queda em janeiro do índice do Banco Central que busca antecipar o crescimento da economia brasileira.

Ele destaca que a previsão do mercado era de uma queda até maior do que os 0,56% anunciados hoje pelo BC e que isso não irá reverter a recuperação da economia brasileira.

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