Videla, que estava detido na penitenciária Marcos Paz, 45 km ao sudoeste de Buenos Aires, morreu de causas naturais, segundo o boletim médico.
Ele foi “encontrado em sua cela sem pulsação nem reação das pupilas. Um ECG (eletrocardiograma) foi realizado e constatou o óbito, às 8h25 do dia de hoje”, afirma o boletim.
“Durante a noite não se sentia bem, não queria jantar e esta manhã o encontraram morto na cela”, disse à imprensa Cecilia Pando, presidente da Associação de Familiares e Amigos de Presos Políticos da Argentina (AFYAPPA), como se autodenominam os militares condenados por crimes na ditadura.
O secretário dos Direitos Humanos argentino, Martín Fresneda, afirmou que “é importante que tenha falecido de morte natural e em uma prisão comum”.
“Houve justiça, não houve vingança e se vai como uma pessoa que foi responsável pelos principais horrores que o povo argentino viveu”, disse o ministro, em referência aos julgamentos dos crimes da ditadura.
A presidente da organização Avós da Praça de Maio, Estela de Carlotto, foi sincera: “Fico um pouco tranquila de que um ser desprezível tenha deixado o mundo”.
“A história certamente considerará o genocídio que os argentinos sofreram, o opróbrio da ditadura cívico-militar que encabeçou (Videla) e da qual não se arrependeu, da qual fez declarações tardias para reivindicar todos os seus crimes”, completou.
Nora Cortiñas, das Mães da Praça de Maio, disse que não festeja a morte e recordou que “ditadores como Videla morrem e levam com eles os segredos mais importantes da história”.
Além de ter sido condenado duas vezes à prisão perpétua, o ex-general foi sentenciado a 50 anos como responsável por um plano para o roubo de bebês na ditadura.
Quase 500 crianças foram roubadas por militares, policiais ou outras pessoas durante a ditadura, de acordo com as Avós da Praça de Maio, cujos trabalhos permitiram que 108 delas recuperassem a verdadeira identidade.
O ex-general, que foi destituído da patente militar pela justiça civil, que ele nunca reconheceu, foi presidente entre 1976 e 1981, os anos mais duros da ditadura, que deixou 30.000 desaparecidos, segundo as organizações de defesa dos direitos humanos.
“Como fiz antes, quero manifestar que este tribunal carece de competência e jurisdição para me julgar pelos casos protagonizados pelo exército na luta contra a subversão”, disse na terça-feira passada ao negar-se a depor em um julgamento sobre a Operação Condor, a coordenação da repressão entre as ditaduras do Cone Sul.
Depois da morte de Videla, entre os comandantes da ditadura o único que permanece vivo é Reynaldo Bignone, que foi o último presidente militar antes do retorno à democracia com a posse de Raúl Ricardo Alfonsín (1983/89) em dezembro de 1983. - Fonte: AFP
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