Pelo quarto ano consecutivo, a celebração aconteceu às 22h (local) e não a meia-noite, para poupar o pontífice, que tem 85 anos e nesta terça voltará à Basílica de São Pedro para pronunciar a Mensagem do Natal e dividir a bênção “Urbi et Orbi” (“à Cidade e ao Mundo”).
Bento XVI chegou ao templo no pedestal móvel que vem utilizando para se deslocar pela longa basílica e concelebrou com 30 cardeais e dezenas de bispos e sacerdotes.
“Cristo é nossa paz. É necessário pedi-la nesta época, para que Deus ilumine as pessoas que se acham no dever de aplicar a violência em seu nome, para que aprendam a compreender o absurdo da mesma e se transformem em homens de paz”, disse o líder religioso, olhando para uma imagem do menino recém-nascido.
“Também hoje, das espadas se façam arados, em lugar de armamento para a guerra cheguem ajudas para os que sofrem”, pediu Bento XVI, que se perguntou se na atualidade a humanidade procura Deus e dá espaço para ele.
“Temos um lugar para Deus? Temos tempo e espaço para ele? Não é precisamente a Deus mesmo a que rejeitamos? Quanto mais rapidamente nos movimentamos, quanto mais eficazes são os meios que nos permitem economizar tempo, menos tempo nos resta disponível”, criticou.
“Quando o assunto é Deus, nada nos parece urgente. Não há lugar para ele. Nós queremos nós mesmos, queremos as coisas tangíveis. Estamos completamente cheios de nós mesmos, de modo que já não resta espaço algum para Deus. E, por isso, também não há espaço para os outros, para as crianças, os pobres, os estrangeiros”, completou o papa, que salientou: “onde Deus é negado ou esquecido, não há paz”.
O líder religioso se mostrou ciente de que hoje em dia há correntes de pensamento que sustentam o contrário. Para alguns, a religião, em particular o monoteísmo, é a causa da violência e das guerras no mundo e que seria preciso libertar a humanidade da religião para que a paz fosse estabelecida.
“É certo que o monoteísmo já foi usado como pretexto para a intolerância e a violência e é verdade que uma religião pode adoecer e chegar a se opor a sua natureza mais profunda, quando o homem pensa que deve tomar em suas mãos a causa de Deus, fazendo de Deus de sua propriedade privada”, admitiu.
“Se é incontestável um certo uso indevido da religião na história, não é verdade, no entanto, que o ‘não’ a Deus restabeleceria a paz. Se a luz de Deus se apaga, se extingue também a dignidade divina do homem”, ponderou.
Bento XVI fez também uma convocação à paz na Terra Santa, na Síria, no Iraque e no Líbano e pediu para que os israelenses e palestinos “possam levar uma vida em paz e em liberdade”. Ele pediu para que os cristãos nesses países, “onde teve origem nossa fé”, possam conservar o lugar onde vivem e que os cristãos e muçulmanos “construam juntos seus países na paz de Deus”.
A Missa do Galo começou com o anúncio do nascimento de Jesus com a leitura do antigo texto das Calendas. Antes da celebração, o papa acendeu o Círio da Paz na janela de seu apartamento e abriu o Portal de Belém instalado na Praça de São Pedro.
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