Mesmo com recorde de doação múltipla de órgãos, PE enfrenta alta negativa familiar

Cem famílias concordaram em doar os órgãos de familiares que tiveram diagnosticada morte cerebral, em Pernambuco. A marca inédita faz parte do conjunto de estatísticas que serão divulgadas nessa segunda-feira pela Central de Transplantes da Secretaria Estadual de Saúde. Ao todo, 434 pacientes foram beneficiados em todo o estado por novos corações, rins, fígados… Vidas que ganham novo fôlego a partir de uma decisão tão humana quanto nossas próprias fragilidades.
Joana Alves da Luz, 68, é uma das mães que tiveram a infelicidade de enterrar o próprio filho. Ela foi a centésima responsável pela autorização formal para que os órgãos de pacientes fossem transplantados. Francisco Alves da Luz, 39, foi vítima de um atropelamento no último dia 25 de outubro, na BR-407, em Petrolina. Seguindo ao contrário do senso comum do sertão pernambucano, onde 70% das famílias se recusam a doar órgãos de parentes, Joana disse “sim”. “Ele era doador de sangue. Não ia querer ficar com os órgãos sem usar. No coração, fica um vazio grande, maior que a carne que tiraram dele”, resumiu.
Até o início de novembro, 1.394 transplantes foram realizados no estado. Quase um terço deles, por meio das doações múltiplas, colocando Pernambuco na décima posição do ranking brasileiro. Na região, uma média de 13,3 pessoas por milhão de habitantes concordam com a coleta de órgãos. A meta para o país é de 15 pessoas por milhão, em todo o país, até 2015. Atualmente, a Espanha lidera o ranking mundial, com 32 doações por milhão.
De acordo com a secretaria de saúde, a Central de Transplantes de Pernambuco ganhou nova sede, no valor de R$ 400 mil, veículo de grande porte e teve ampliado o convênio de táxi aéreo para o transporte de equipes e órgãos para transplante imediato. “O resultado foi mais de 60% mais transplantes que no ano passado”, afirma o secretário, Antônio Carlos Figueira. Para a coordenadora da central, Noemy Gomes, apesar ter um número elevado de doações neste ano, que já supera em 43% o recorde anterior, de todo o ano de 2009, é preciso se preocupar com as taxas de negações e com a postura dos profissionais de saúde. “Atualmente temos uma negativa familiar de 54%, o que é muito elevado.

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