Uma semana após as enchentes, a situação ainda é dramática nas cidades que ficaram arrasadas com as chuvas. No município de Palmares, na Mata Sul de Pernambuco, a sexta-feira (25), até que foi de sol, mas as águas que transbordaram do Rio Una e destruíram parte da cidade, ainda não secaram.
Famintos, restou aos desabrigados disputar restos de alimentos em meio à lama que cobriu a cidade. A dona de casa Janice Maria estava entre as pessoas que procuravam desesperadamente algo para comer. “Consegui um pacote de bolacha. São cinco meninos para dividir”, comemorou.
Os comerciantes continuam tentando limpar as lojas para recomeçar a vida normal. Um deles, Luís Carlos Lins, precisou jogar fora cem toneladas de alimentos, considerados impróprios para consumo.
“Quando cheguei, no domingo, botei a mão na cabeça e pedi força a Deus. Alimentos e equipamentos... estamos jogando tudo fora e vamos começar do zero”, disse Luís.
A população aguardava a saída dos carros de mão carregados com os produtos na tentativa de conseguir algo pra comer. Em meio à lama, as pessoas catavam os pacotes fechados ou latas.
A Secretaria de Saúde alerta que a população não deve consumir alimentos que tiveram contato com a lama, pois podem estar contaminados e transmitir doenças como leptospirose.
PRIMAVERA
No município de Primavera, também na Mata Sul, o rio Ipojuca começou a baixar, e é possível ver o rastro de destruição da água, que atingiu de cinco a 10 metros de altura.
O volume de água da Cachoeira do Urubu diminuiu e agora se vê que a ponte que leva aos bares está destruída. Na cidade, ruas castigadas, casas destruídas. O mercado público virou um grande depósito. A prefeitura diz que conseguiu diminuir o número de desabrigados. De 2 mil para 600.
MARAIAL
No município de Maraial existem varais coletivos para dar conta de tanta roupa. De acordo com a Defesa Civil, existem três mil moradores desabrigados.
O ginásio de esportes virou o principal abrigo para as pessoas que tiveram as casas destruídas. No local, estão 65 famílias. E não para de chegar gente.
Heloísa, que nasceu há 20 dias, veio pra cá há uma semana. “Está todo mundo dormindo no chão. A família toda”, disse Tamires Maria da Silva.
Duas mil casas de taipa estão em uma área de risco do bairro Tancredo Neves, que é a parte alta da cidade. O aposentado José Francisco da Silva, 74 anos, morreu depois que uma barreira deslizou.
ÁGUA PRETA
Em Água Preta, 12 mil famílias enfrentam dificuldades. Nesta sexta-feira (25), elas receberam uma ajuda que veio do ar. Aproximadamente 500 litros de água, 320 litros de leite e 830 quilos de alimentos não perecíveis foram transportados por um helicóptero, que saiu da base área do Recife. Esta é a única forma de levar os alimentos para as famílias que estão ilhadas, por causa da destruição de pontes e da lama nas ruas.
Na área rural de Água Preta, os moradores do engenho Três Marias esperavam ansiosos pelas doações. Há uma semana, a força área faz esse trabalho de transporte de donativos tanto em Pernambuco quanto em Alagoas.
De acordo com a Celpe, a energia foi religada no início da noite no município. Algumas casas e ruas ainda estão sem energia devido aos estragos nas instalações elétricas, mas a rede de fornecimento já foi recuperada.
Redação do Espaço Notícias - 25 de junho de 2010
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