A esposa do médico Artur Eugênio de Azevedo Pereira (morto a tiros em maio deste ano), Carla Azevedo, concedeu uma entrevista coletiva na tarde desta segunda-feira (09) e apontou razões pelas quais considera que a soltura do também médio Cláudio Amaro Gomes (57 anos e ex-chefe de Artur) e de seu filho Cláudio Amaro Gomes Júnior (32 anos), principais suspeitos de cometer o crime, seria inadequada e atrapalharia o processo de investigações. Segundo Carla, há fortes indícios que apontam Amaro e Júnior como os responsáveis pelo homicídio de Artur.
Entre os pontos levantados pela viúva do médico, estão duas ligações feitas entre Amaro e Júnior, uma antes de Artur ser morto e outra após o carro de Artur ser incinerado; imagens do sistema de segurança do Hospital do Câncer (local onde Artur trabalhava) que mostram Cláudio Júnior no dia do crime aguardando a saída de Artur da unidade hospitalar por cerca de uma hora e, em seguida, seguindo o médico morto; e desavenças trabalhistas entre Artur Eugênio e Cláudio Amaro.
Ainda de acordo com Carla Azevedo, uma das maiores motivações para o crime seria o fato de Cláudio Amaro não possuir talento para cirurgias complexas e, por conta disso, forçar que Artur Eugênio realizasse grande parte dos procedimentos cirúrgicos. De acordo com a viúva, com o passar do tempo, a atitude de Cláudio passou a incomodar Artur, que reivindicou junto ao ex-chefe maiores remunerações salariais.
A partir de então, Cláudio não teria gostado da atitude de Artur e atribuído avaliações probatórias (espécie de análise ética e profissional de trabalhadores aprovados em concursos) baixas ao profissional de saúde. Por conta das avaliações ruins, Artur teria solicitado análises profissionais de outros médicos e ameaçado processar Cláudio Amaro por assédio moral. Segundo Carla Azevedo, isso teria irritado o ex-chefe de Artur e motivado o crime.
Ainda segundo Carla, outros fatos que não podem ser divulgados para não atrapalhar o processo de investigações do caso, como o teor das conversações entre Amaro e Júnior antes e depois da morte de Artur, permanecem em segredo de justiça.
Investigações
Cláudio Amaro teve o pedido de habeas corpus negado nesta segunda-feira pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE). Os advogados podem recorrer à 4ª Câmara Criminal da Justiça estadual. Na última quinta-feira a defesa de Cláudio já havia solicitado a revogação da prisão temporária. A solicitação, entretanto, ainda não foi analisada pela juíza Inês Maria de Albuquerque. Com base na decisão sobre o habeas corpus do médico, os advogados de Cláudio Júnior devem definir nesta terça-feira os passos que serão tomados com relação a ele. O médico Cláudio Amaro e o filho dele foram presos na última terça-feira como principais suspeitos de envolvimento no crime. O delegado Guilherme Caraciolo, responsável pelo caso, segue em busca de outras duas ou três pessoas que teriam participação no assassinato. Mais de dez pessoas foram ouvidas.
Relembre o caso
O médico Artur Eugênio de Azevedo Pereira foi morto a tiros por volta das 22h do dia 12 de maio na BR-101, nas proximidades da região da Comporta, em Jaboatão dos Guararapes. Artur Eugênio tinha 35 anos e era cirurgião torácico. Na época, o carro de Artur Eugênio só foi encontrado no dia seguinte a sua morte, e totalmente incinerado, no bairro da Guabiraba, Zona Norte do Recife. (Folha PE)
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