Na sua petição, o procurador-geral Roberto Gurgel alegou que não havia mais razões para a não expedição dos mandados de prisão já que o julgamento já havia sido encerrado. Gurgel também questionou no pedido a eficácia dos embargos infringentes e justificou que qualquer recurso, neste momento, teria apenas efeito protelatório.
Quem participou do julgamento do mensalão relatou que várias pessoas ponderaram junto a Barbosa sobre o custo político que poderia acarretar a prisão imediata dos condenados. Entre elas, estariam ministros do STF, amigos de Barbosa e até integrantes do Ministério Público Federal que fazem oposição ao procurador Roberto Gurgel.
O principal argumento usado para demover Barbosa foi a hipótese de o presidente do Supremo iniciar sua gestão isolado no tribunal ou no mínimo com o plenário rachado.
Além disso, os interlocutores teriam argumentado que a prisão imediata dos mensaleiros poderia reforçar a imagem de arrogância que adversários tentaram lhe imputar depois do episódio em que o STF decidiu pela cassação dos parlamentares condenados
Além disso, havia a possibilidade de o ministro Ricardo Lewandowski revogar as prisões em meados de janeiro, quando ficará à frente do plantão no Supremo. “Tenho certeza que ele (Barbosa) fez isso pensando na própria sobrevivência e na governabilidade do Supremo durante sua gestão na presidência do tribunal”, disse Marco Aurélio Carvalho, chefe da assessoria jurídica do PT.
Pelo menos três ministros viam com reservas esse pedido de prisão imediata: o revisor, Ricardo Lewandowski, e os ministros Dias Toffoli e Marco Aurélio Mello. Outros, como Celso de Mello, decano da Corte, também já haviam dado sinais contrários à prisão imediata por respeito à jurisprudência da Corte. Uma decretação de prisão era vista nos bastidores do Supremo como uma “manobra” do procurador-geral e do presidente do STF e uma afronta ao que já foi determinado pelo STF em julgamentos anteriores.
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