Planalto tenta neutralizar grupo de 120 parlamentares ligados a Cunha

Com Eduardo Cunha (PMDB-RJ) fora da Câmara, mas com um grupo formado por antigos aliados ainda articulado em torno de 120, 130 deputados, o Planalto vai abrir a caixa de bondades para o grupo, acéfalo a partir de agora. O governo vai aproveitar os cargos ainda vagos no segundo e terceiro escalões — em bancos públicos, setor elétrico e nuclear — para agradar os parlamentares que já defenderam o peemedebista. Nada de retaliação. A ordem é agregar todos no mesmo guarda-chuva e unificar a base para que o ajuste fiscal seja aprovado sem sustos.

O símbolo deste novo momento será o PSC, do líder do governo, André Moura (SE). “O PSC vai crescer muito nesta nova fase de nosso governo”, admitiu um interlocutor próximo do presidente Michel Temer. “É uma legenda importante para nós, com uma base fiel e que está subdimensionada na máquina pública”.

Moura pode ser considerado um sobrevivente. Ele chegou ao cargo de líder de governo pelas mãos de Cunha e do centrão. Derrotou na disputa pelo cargo o atual presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), porque tinha apoio de uma maioria consistente de parlamentares. Fiel escudeiro do agora ex-deputado, Moura começou a perceber que deveria se reinventar quando Cunha começou a derreter.

“Nada mais correto do que valorizar o André. O que é melhor para o Planalto? Ter um líder disposto a trabalhar ou escolher uma estrela, com fama, história, para atrapalhar as votações da Casa?”, defendeu um integrante da ex-tropa de choque de Cunha. Moura compreendeu muito bem os sinais emitidos pelo Planalto. Tanto que, no dia seguinte da eleição de Maia para a presidência da Câmara, estava no Planalto ao lado de Maia e do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), visitando Michel Temer.

Não será apenas o PSC que deve ser beneficiado. O PTB de Jovair Arantes (GO) também deve aumentar o quinhão na Esplanada. PROS, PTN e Solidariedade também devem ser melhor contemplados. “Sem Cunha, o centrão perde unidade. O Jovair e o Paulinho (Solidariedade) ainda podem articular algo, mas perderam muito a força”, cravou o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP).

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