Data da cassação de Cunha criticada por beneficiá-lo

El País - Afonso Benites

Dentro de pouco mais de um mês, os deputados federais estão convocados para votar o processo de cassação de Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Se vão comparecer em meio à campanha para as eleições municipais, já é outra coisa. Na quarta-feira passada, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), convocou a votação do processo contra Cunha para o dia 12 de setembro. A data foi comemorada por parlamentares aliados deste peemedebista, assim como por assessores do presidente interino Michel Temer (PMDB).

O primeiro grupo acredita que, com um quórum baixo de deputados na Casa sob a alegação de que estariam fazendo campanha eleitoral, seria possível evitar a perda de mandato de um dos mais polêmicos políticos que já ocupou a presidência do Legislativo. Já os representantes do governo provisório torciam para não precisarem dividir os holofotes com a votação do impeachment de Dilma Rousseff (PT), este que deve ocorrer até o fim de agosto.

Os opositores de Temer e Cunha, contudo, veem a data como uma tentativa de proteger o parlamentar, que diz ter orgulho de ter dado entrada no processo de impedimento da presidenta afastada. “O Planalto e uma parte da Câmara têm medo de Cunha. É um misto de covardia e conivência”, diz o deputado Alessandro Molon, da REDE, um dos partidos que entrou com a representação contra o deputado.

Logo que foi eleito para o cargo de presidente da Câmara, Maia sinalizou que poderia colocar a cassação de Cunha em votação na segunda semana de agosto. Porém, a análise do projeto de lei complementar 257/2016 (que trata da renegociação da dívida dos Estados) se arrastou por duas semanas e obrigou a uma mudança de planos.

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