Luz: Dilma migra do triunfalismo para o conformismo sem uma boa autocrítica

No ano pré-eleitoral de 2013, Dilma Rousseff anunciou a redução no preço da energia elétrica como um ato heroico. “A partir de agora, a conta de luz das famílias brasileiras vai ficar 18% mais barata'', decretou, em rede nacional de radio e tevê. Ela ignorou a opinião dos especialistas, que achavam temerário conceder um desconto linear na conta de luz em tempos de pouca chuva.

O consumo obviamente explodiu. Para não desligar o país da tomada, o governo ligou as termelétricas, que produzem energia mais suja e mais cara. Prisioneira da ilusão que criara, Dilma se absteve de tomar providências saneadoras. Não quis anular os efeitos eleitorais da falsa bonança energética. Com os preços represados, abriu-se nas arcas das empresas do setor um rombo bilionário.

O resultado da pantomima é conhecido. De um lado, subiram à estratosfera os preços das contas de luz. De outro, despencaram das nuvens os índices de popularidade da presidente. Nesta terça-feira, em solenidade no Planalto, Dilma rendeu-se ao obvio: “É verdade, sem sombra de dúvida, que as contas aumentaram, e por isso nós lastimamos.” Porém…

Quando se imaginava que a soberana fosse engatar um mea culpa, ela saiu-se com o único tipo de autocrítica que é capaz de pronunciar. Uma autocrítica a favor: “Também é verdade que, se a gente não tivesse promovido a redução das tarifas em 18% para as residências e em 32% para as indústrias, lá em 2013, as contas de luz hoje estariam muito mais altas.''

Questionada sobre o suplício imposto aos consumidores, Dilma disse aos repórteres: “Entre faltar energia e ter energia, é melhor pagar um pouco mais para ter energia. Porque o preço da falta de energia é imenso.'' Ai, ai, ai… Quanta dificuldade para admitir um equívoco!

Dilma renderia homenagens ao bom senso se dissesse algo assim: “Foi um erro conceder um desconto linear nas contas de luz. Nós deveríamos ter adotado uma sistemática que premiasse o consumo responsável. Os descontos aumentariam na proporção direta da redução no consumo de energia. Quem poupasse mais pagaria menos. Quem desperdiçasse energia pagaria mais.”

Existem vários tipos de coragem. Pode-se admirar todos eles. Mas é preciso reconhecer que alguns estão mais próximos da patologia. O ato heroico se desmoraliza quando a bravura vira sintoma de sadomasoquismo e o herói se transforma num insensato. (Via: Josias de Souza)

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