Grécia: sindicatos deflagram greve geral contra fechamento de TV pública

Sindicatos gregos realizam uma greve geral nesta quinta-feira em protesto contra o fechamento da emissora de rádio e televisão estatal e milhares de manifestantes se reúnem do lado de fora da sede da ERT. Funcionários demitidos da emissora ocupam o prédio há três dias e continuam a realizar transmissões, desafiando o governo.
O governo, formado por uma coalizão de três partidos, retirou a ERT do ar na noite de terça-feira, cortando todos os 2.656 empregos da emissora, como parte das medidas de cortes de gastos exigidas pelos credores internacionais. O primeiro-ministro conservador Antonis Samaras afirmou que a emissora permanecerá fechada até que uma nova empresa pública seja aberta, no final do verão, mas os parceiros de centro-esquerda da coalizão apresentaram um projeto de lei no Parlamento para cancelar o fechamento da ERT.
Apesar da crescente oposição à medida, o governo defende sua decisão de fechar a emissora. “Houve mais greves na ERT nos últimos meses do que em qualquer outro lugar…eles estão agindo de uma forma socialmente irresponsável”, declarou o legislador conservador Adonis Georgiadis. “Não vamos encerrar a televisão pública. Nós a estamos fazendo melhor.”
A crise é a mais grave do governo de Samaras, que garantiu a permanência da Grécia na zona do euro com a imposição de duras medidas de austeridade e reformas exigidas pelos credores internacionais. Mas agora, os parceiros de centro-esquerda da coalizão ameaçam impedir o fechamento da ERT. Isso significa um risco de rompimento do governo e a convocação de eleições gerais antecipadas, processo que pode prejudicar as medidas de austeridade e ameaçar o recebimento futuro de ajuda.
A cooperação entre os conservadores de Samaras e seus parceiros sofre cada vez mais pressão, principalmente depois de o governo ter decidido encerrar várias greves com o uso de poderes emergenciais, normalmente reservados para a mobilização de recursos em desastres naturais. A Grécia está sob pressão para demitir funcionários púbicos como parte de seus compromissos com os credores internacionais – os demais membros do clube de 17 países que usam o euro e o Fundo Monetário Internacional (FMI) – que já forneceram 200 bilhões de euros ao país em fundos emergenciais desde 2010.
Os protestos convocados pelos dois maiores sindicatos gregos nesta quinta-feira prejudicaram o funcionamento do transporte público e hospitais públicos contavam com poucos funcionários. Os aviões serão mantidos em solo entre 15h e 17h (horário local, 9h e 11h em Brasília). Em Genebra, a União Europeia de Radiodifusão, que representa os canais públicos de televisão da Europa, começou a transmitir online a programação produzida pelos funcionários demitidos da ERT.
Muitos sites gregos também adotaram a medida, assim como o canal do Partido Comunista Grego. “Nós pedimos aos telespectadores que desliguem e liguem seus televisores. Eles estão derrubando o sinal, mas também temos nossas formas de retomá-lo”, disse Panagiotis Kalfayiannis, líder da Federação Nacional de Funcionáiros da Televisão e Rádio Gregos. - Fonte: Correio 24 Horas

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